Uma espera que já dura mais de 15 anos. O tempo passa e os moradores da Vila Santa Casa, no bairro da Encruzilhada, continuam esperando melhores condições de moradia para a comunidade da antiga favela do Caldeirão do Diabo. Das 150 famílias que ali viviam até 1995, só 80 saíram dos barracos para morar em apartamentos, erguidos pela Companhia de Habitação da Baixada Santista (Cohab Santista).O restante continua esperando o cumprimento dessa promessa.
“Até prédio de luxo já prometeram pra gente”, diz o líder comunitário Elias do Carmo Silva, mostrando dezenas de matérias publicadas na imprensa desde 1998, em que a Cohab e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) se comprometem a garantir moradia melhor aos moradores do local.
“Eu era moleque e a minha mãe já falava desse projeto, que nunca saiu. Tanto é que já faz sete anos que ela morreu, e eu continuo morando num barraco”, lembra o autônomo George Jorgensen, de 37 anos, que já não acredita mais no que
lhe prometem.
Burocracia
A explicação para o projeto ainda não ter saído do papel é sempre a mesma: a de que há pendências judiciais em relação ao terreno onde seriam construídas as novas residências. “Dizem que há dificuldades no desmembramento da área. Mas acho que falta interesse mesmo”, opina Liberato Manoel Nascimento, de 49 anos. E enquanto nada se resolve, os moradores sofrem. “Em dia de chuva, por exemplo, o esgoto transborda e invade tudo”, conta a dona de casa Isaura Silva, de 60 anos.
Pior ainda são as ligações elétricas que passam pelos barracos.“Étudo clandestino”, mostra o comerciante Severino Oliveira, dizendo que já houve vários princípios de incêndio na favela. Isso sem contar o lixo, os ratos, as baratas, e o cheiro ruim.
Resposta
Procurada para comentar o assunto, a Cohab Santista informa que já há 80 unidades na Vila Santa Casa e que as demais (104 moradias restantes) seriam erguidas pela CDHU, com recursos próprios. Porém, houve uma mudança de planos, e o financiamento da obra agora será feito com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, com complementação do Minha Casa Paulista, do Governo do Estado de São Paulo.
Para isso, contudo, será necessário fazer a transferência da área em questão, que é de propriedade da Cohab, para o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). O que demandará a criação de um projeto de lei, a ser aprovado pela Câmera dos Vereadores. Segundo a Cohab, com isso resolvido isso, não haverá mais entraves para a construção.
Fonte: A Tribuna