Implantados há um ano e três meses, os contêineres de lixo ainda dividem opiniões. Quem os reprova questiona o mau cheiro, excesso de sacos e a falta de higiene das caçambas, que acumulam um líquido fétido. Quem os defende olha mais pelo aspecto da organização, já que os detritos não fica espalhados em vários pontos da rua.
São cerca de 1.700 equipamentos na Cidade. Destes, aproximadamente 250 estão no Centro. E basta dar uma volta pelo bairro para observar que alguns contentores estão completamente abarrotados de sacos, como os da Rua Cidade de Toledo. Praticamente todos os dias, os equipamentos estão além de suas capacidades de armazenamento.
Ismael Assaf é proprietário do Restaurante Laziza. Seu estabelecimento fica próximo às caçambas da Cidade de Toledo, o que, segundo ele, prejudica sua atividade. “O cheiro é muito forte e sempre tem moradores de rua mexendo (no lixo). Mas o que atrapalha mesmo é o odor”, reclama, afirmando que nunca viu a lavagem do interior dos coletores.
Gerente em exercício do Restaurante Mauá, Rogério Teixeira diz que para quem trabalha com este tipo de estabelecimento, os equipamentos “até ajudam, pois o lixo não se espalha. Porém, por outro lado, durante a noite aparecem muitos ratos (nas caçambas). Além disso, há pessoas que as usam como esconderijo para consumir de drogas”.
Ele vive experiências desagradáveis com contentores na Encruzilhada, bairro onde reside. “O cheiro de dentro é insuportável. Ninguém lava, e acumula muito chorume”.
Na esquina da rua XV de Novembro com a Rua Dom Pedro II, outro contêiner estava lotado de sacos, tanto em seu interior quanto ao seu redor. Tal cenário incomodava os pedestres. “Eu até concordo com a ideia, mas atrapalha na hora de passar. Os locais deveriam ser mais adequados”, ressalta o comissário de avarias Edevaldo Farias.
Já o gerente de vendas da lanchonete A Mineira Pão de Queijo, Araújo dos Santos Bonfim, defende a iniciativa e espera que o número de caçambas aumente ao redor deste comércio, situado à Rua Amador Bueno. “O que tem aqui ao lado está cheio porque é apenas um. Gostaria que houvesse mais, pois não há cheiro e é melhor que jogar sacos de lixo na calçada”.
Incômodo
Chorume é o líquido escuro proveniente de matérias orgânicas em putrefação, geralmente encontrado em aterros sanitários e lixões. Pode contaminar lençóis freáticos, rios e córregos, além de apresentar metais pesados que os peixes são incapazes de eliminar e na cadeia alimentar podem chegar até os seres humanos, provocando diversos problemas à saúde humana, como diarréia, tumores no fígado e tireoide, dermatoses, problemas pulmonares e rinite alérgica, além de alterações gastrointestinais e neurológicas. O chorume ainda atrai insetos como baratas, moscas, mosquitos e, em especial, os roedores.
Sem chorume e com mais coletores
A presença de chorume nos contentores de lixo da Cidade está descartada pelo assessor técnico da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Seserp), Carlos Tadeu Eizo. “O lixo colocado de manhã e retirado de noite não provoca reação, até porque, em tese, fica protegido”. Ele admite que as maiores queixas dos munícipes sobre a coleta são justamente relacionadas à limpeza dos contentores.
De acordo com o assessor técnico, a abertura de algumas tampas e a ocorrência de chuvas causam a sensação da produção do material. “Fazemos a coleta de forma regular e diária, para não causar o chorume. É lógico que com o tempo como de agora (chuvoso), aparentemente existe a formação deste líquido, mas não é. Pode haver um acúmulo de água pelo fato de o equipamento estar aberto, mas este resíduo está longe de ser chorume”, afirma.
Em relação a higienização dos equipamentos, ele ressalta que ocorre mensalmente. “A lavagem dos contentores é feita bairro a bairro e respeita um calendário estabelecido junto com a Terracom. Normalmente, ocorre uma vez por mês”.
Carlos Alberto Tavares Russo, titular da Seserp, garante que a população esta satisfeita e que o número de coletores deverá ser ampliado. “A coletividade nos pede novos contentores. O retrato que nós temos é que os munícipes estão aceitando e pedindo mais. Nos perguntam quando vamos ampliar a implantação em certas regiões. Temos um plano para isso. Reduzir, nem pensar”, diz, afirmando que a próxima etapa é “complementar a Zona Noroeste”.
Fonte: A Tribuna